O UBS, por exemplo, manteve a avaliação de que o país saiu da recessão neste primeiro trimestre, com um crescimento de 0,4% em relação ao período imediatamente anterior, feitos os ajustes sazonais. Segundo os economistas do banco, os indicadores de alta frequência divulgados no fim do ano passado, como a produção industrial, que subiu 2,3% no último mês de 2016, aumentaram a base para o início de 2017, ajudando na recuperação.
Mesmo se a produção industrial cair 0,4% em janeiro, como estimam economistas ouvidos pelo Valor Data, e depois ficar parada neste nível, o setor industrial teria crescimento de aproximadamente 1% no primeiro trimestre deste ano, por causa de efeitos estatísticos. Para o UBS, os indicadores antecedentes, no entanto, sugerem que a economia "está virando".
A consultoria inglesa Capital Economics, que também espera volta do crescimento neste início de ano, afirma que vários dos fatores que puxaram a economia para baixo no segundo semestre de 2016 parecem já ter perdido intensidade. A produção de automóveis, por exemplo, voltou a subir.
Segundo dados da Anfavea dessazonalizados pela MCM Consultores, a produção subiu 6,5% em fevereiro. A venda de veículos também aumentou 8,4% no período, depois de 3 meses seguidos em queda, ainda de acordo com a série com ajuste sazonal da MCM.
Com alta das vendas de veículos e de alimentos e bebidas, o Indicador Serasa de Atividade do Comércio aumentou 1,8% no mês passado, depois de cair 0,6% em dezembro e 2,1% em janeiro, na série com ajuste sazonal.
Sinal ainda mais importante, nos últimos três meses os salários de admissão do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho tiveram alta, em termos reais, na comparação com igual período do ano passado. Ainda é pouco, mas a inflexão é relevante: os salários dos recém-contratados, nessa comparação, caíram de novembro de 2014 a outubro de 2016.
Além dos indicadores antecedentes menos ruins, o PIB do primeiro trimestre pode sair do vermelho por uma ajuda importante do setor agrícola, com as supersafras de grãos. O UBS lembra que a tendência favorável no setor agrícola ajuda nas exportações, na recomposição de estoques e nos investimentos, o que também contribui para a avaliação de que a economia chegou ao fundo do poço no fim de 2016.
O crescimento do primeiro trimestre será crucial para evitar um terceiro ano seguido de retração da atividade. Se entre janeiro e março a economia crescer 0,5%, uma variação de apenas 0,4% seria suficiente para estabilizar a economia. Se a alta for só de 0,2%, o crescimento do restante do ano precisa ser de pelo menos 0,6%, para o mesmo resultado.