Estudo avalia reações das colônias a técnicas de indução de morte
Publicado segunda-feira, 13 de maio de 2024 às 00:00 h | Autor: Dianderson Pereira*
– Foto: Cooarp | Divulgação
Um estudo do Centro Tecnológico Agropecuário do Estado da Bahia (Cetab), órgão da Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri), foi publicado na revista internacional Chemistry & Biodiversity, intitulado “Compostos orgânicos voláteis de crias de abelhas sem ferrão sacrificadas em teste de comportamento higiênico”. A pesquisa, liderada pela doutora Jossimara Neiva, destaca pela primeira vez o perfil de compostos orgânicos voláteis em pupas e larvas da espécie de abelha sem ferrão Melipona quadrifasciata Anthidioides, conhecida como Mandaçaia, para investigar o Comportamento Higiênico (CH) das colônias.
O artigo foi realizado em uma tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e foi produzido em colaboração com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O estudo examina as reações das colônias a diferentes técnicas de indução de morte, fornecendo novos caminhos sobre as práticas de meliponicultura.
Jossimara Neiva explica que o Comportamento Higiênico (CH) é uma prática comum na apicultura internacional, onde rainhas são selecionadas com base nessa característica. No entanto, por causa das diferenças biológicas entre abelhas de apicultura e abelhas sem ferrão, os resultados não podem ser aplicados diretamente entre esses grupos.
“Em nossos estudos iniciais utilizando as espécies Melipona scutellaris e Melipona quadrifasciata anthidioides, ficou clara a diferença desse comportamento com relação a Apis mellifera, então decidimos avançar um pouco mais e avaliar as diferenças entre as técnicas utilizadas, e em relação a fase de desenvolvimento das crias, o que nos motivou a estudar os aspectos químicos relacionados”, diz Neiva sobre uma variação nos resultados da abelha com ferrão e sem ferrão.
A doutora também ressalta que os resultados indicam que cada técnica de avaliação do comportamento higiênico nas colônias influencia o perfil de compostos orgânicos voláteis emanados das crias, afetando o tempo que as operárias levam para remover crias mortas. Crias mortas por congelamento com nitrogênio líquido são removidas mais rapidamente em comparação com crias mortas por congelamento em freezer ou perfuração com alfinete entomológico.
O coautor da pesquisa e coordenador do Cetab, Paulo Mesquita, ressalta a importância do Centro no estudo sobre o comportamento higiênico das abelhas sem ferrão, bem como a colaboração com outras instituições. Segundo Mesquista, o Cetab é fundamental para a prestação de serviços laboratoriais especializados em áreas como agricultura, pecuária, agroindústria e recursos naturais renováveis, além de realizar pesquisas para o setor agropecuário. “O Cetab é uma peça-chave na promoção do desenvolvimento agropecuário da Bahia, ajudando a melhorar a qualidade dos produtos e a sustentabilidade do setor”.
O coordenador complementa que o Cetab tem se dedicado a divulgar os resultados de suas pesquisas por meio de mídias sociais, encontros com produtores em feiras e exposições, e visitas técnicas. Ele ressalta que um dos objetivos do Centro é unir forças com agentes de assistência técnica e gerencial para disseminar o conhecimento gerado pelos estudos, visando melhorar tanto o ambiente quanto os produtos produzidos no estado, impactando positivamente a cadeia produtiva.
Erenildo de Magalhães, presidente da Associação de Mel em Tanque Novo, reforça que pesquisas na área são de extrema importância para aumentar e melhorar a produção no estado. “A melhor forma de se conhecer uma determinada situação é estudando sobre ela. E essas instituições que realizam pesquisas contribuem de forma grandiosa com a meliponicultura baiana, uma vez que buscam diagnósticos e soluções para problemas que não são observados pelo meliponicultor por si só”.
Produção de mel
Segundo o presidente da Federação Baiana de Apicultura e Meliponicultura (Febamel), Francielio Macedo, estima-se em mais de 20 mil apicultores no estado, com uma produção do mel em destaque nos municípios de Campo Alegre de Lourdes, Jeremoabo, Remanso, Ribeira do Amparo, Tucano, Pilão Arcado, Ribeira do Pombal, Casa Nova, Banzaê e Serra do Ramalho, chegando a 200 toneladas de mel por ano somente no município de Tucano.
O presidente também reforça a contribuição da Febamel na participação em discursões em ambientes relacionados a apicultura buscando um melhor desenvolvimento e aplicabilidade das políticas públicas e defendendo os direitos dos apicultores e suas entidades, além enfatizar a importância da ciência em busca de produzir melhorias para os apicultores.
“De extrema importância, pois são através de pesquisas que dão embasamento técnico-científico para o desenvolvimento de novas técnicas e manejos e com isso a evolução da atividade e consequentemente dos produtores e suas famílias envolvidas”, fala Francielio Macedo.
Para alcançar uma produção de mel de qualidade, é fundamental ter alguns cuidados essenciais. A coordenadora da Cooperativa dos Apicultores de Ribeira do Pombal (Cooarp), Tatiane Paixão, destaca as estratégias que a cooperativa utiliza para prevenir ou controlar doenças em colmeias de abelhas com ferrão. Segundo Tatiane, a região não registra doenças graves que afetem as abelhas, mas há uma praga que merece atenção especial: a varroa, uma espécie de carrapato de abelha.
“O que fazemos é o manejo correto, a limpeza em cada retirada do mel, a colocação de cavaletes para que as melgueiras não fiquem direto no solo, e o acompanhamento diário de como está a saúde da colmeia”, cita Tatiane Paixão.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
Fonte: A Tarde Agro