A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) acompanhou mais uma rodada de negociações do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e os chanceleres da Argentina, Uruguai e Paraguai estiveram nesta semana em Bruxelas (Bélgica) para mais uma tratativa entre os dois blocos.
O grupo esteve reunido com os comissários de Comércio e de Agricultura da União Europeia para tentar avançar na conclusão da parceria, que já vem sendo negociada há 19 anos.
Paralelamente às conversas ministeriais, ocorreram reuniões técnicas para trabalhar nos detalhes finais da negociação. A comitiva também participou de um jantar com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o que representou um sinal político forte do interesse dos europeus no acordo.
De acordo com a assessora para Negociações Internacionais da CNA, Camila Sande, os negociadores dos dois blocos devem tratar com cuidado todas as ponderações para que não haja danos para os produtores tanto do Mercosul quanto da União Europeia.
Segundo ela, os europeus aumentaram a oferta de carne bovina para 99 mil toneladas. A oferta prévia era de 70 mil. No entanto, os representantes do Fórum Mercosul da Carne – do qual a CNA é integrante e está na presidência atualmente, apresentaram posicionamento rechaçando a nova proposta.
A alegação é que, além de menor do que a oferta de 2004, a proposta da UE não veio com detalhes imprescindíveis sobre a cota, como quais medidas de peso os produtos teriam (se por peso/carcaça ou se por peso/produto) e a administração dessas cotas. Também não ficou claro se haverá a permanência da tarifa intracota.
“A UE também manifestou a possibilidade de se movimentar positivamente em outros produtos de interesse para o agro, mas não apresentou detalhes sobre quais seriam esses produtos ou números tangíveis”, explica Camila.
A representante da CNA avisa que a percepção geral é de que o esforço do Mercosul foi muito maior em dezembro, quando conseguiu fazer uma oferta favorável para 90% da corrente de comércio hoje existente entre os blocos.
“Por sua vez, a União Europeia fez movimentos mínimos e insuficientes. Não há equilíbrio nesse jogo porque o Mercosul cedeu bastante e a UE ofereceu migalhas em contrapartida”, afirma.
Nessa sexta-feira (2) acontece um novo diálogo entre os negociadores chefes para tentar viabilizar, no contexto mais técnico, o caminho para a reta final do acordo. Caso não haja avanços, outra reunião com autoridades políticas deve ocorrer em breve para uma nova tentativa.
A CNA também realizou reuniões com a Associação Europeia de Proteção Agrícola (ECPA), para tratar da agenda de interesse do setor no que diz respeito à nova política do bloco para definição de substâncias consideradas disruptores endócrinos e sobre a definição de Limites Máximos de Resíduos (LMRs).
“Esses dois temas impactam as exportações brasileiras de maneira considerável, pois podem ser objeto de barreiras comerciais para a entrada de produtos agrícolas do Brasil”, justifica Camila sande.
O último compromisso da agenda em Bruxelas foi um encontro com representantes do escritório da Apex-Brasil.
Assessoria de Comunicação CNA