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Exportação de amendoim do Brasil cresce 40% em três anos

País é o sexto maior exportador; o estado de São Paulo tem cerca de 93% da produção nacional

Quando o assunto são as exportações do agronegócio brasileiro, uns dos primeiros produtos que vêm à mente é a soja, de fato, o carro-chefe das vendas externas do país. Mas, nos últimos anos, outros cultivos nacionais vêm ganhando espaço lá fora. Um deles é o amendoim in natura. O Brasil começa a se posicionar como uma fronteira de exportação do produto. Os embarques cresceram 360% nos últimos dez anos. De 2019 a 2022, o avanço foi de 40%.

O amendoim nacional vem conquistando mercado — e deve continuar a avançar — porque o Brasil é um dos únicos produtores com espaço para ampliar a área de cultivo, tem clima favorável e tecnologia de produção e vem melhorando a qualidade do grão, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) e setores da cadeia produtiva.

Entre 2019 e 2022, a produção nacional de amendoim subiu 60%, alcançando quase 900 mil toneladas. Só em 2022, as exportações do grão somaram 285,6 mil toneladas, o que gerou uma receita de US$ 333,4 milhões e levou o país ao 6º lugar no ranking mundial dos exportadores, liderado pela Índia, que ultrapassou a Argentina no ano passado.

Neste ano, de janeiro a agosto, foram quase 197 mil toneladas, alta de 11% sobre o mesmo período de 2022.

SP concentra produção

O estado de São Paulo tem cerca de 93% da produção nacional de amendoim, segundo a Abicab. Uma das regiões do estado que se destacam é a de Jaboticabal, onde há uma espécie de “casamento” com a cana-de-açúcar. O plantio de amendoim se dá quase exclusivamente em áreas de renovação de canaviais.

Em Tupã, outra importante região de produção, o cultivo também acontece em áreas de renovação de canaviais e de reforma de pastagens. O amendoim avança ainda em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Apesar do crescimento dos últimos anos, há ainda potencial a ser explorado, como indica José Antonio Rossato, diretor da Coplana, cooperativa de Jaboticabal que exporta o produto. Para ele, o Brasil é “um gigante adormecido” no amendoim.

Segundo Rossato, o salto de produtividade começou no ano 2000, quando houve mecanização da atividade e as variedades eretas de cultivo manual foram substituídas pelas rasteiras desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC) e pela Embrapa.

Um número que dá dimensão do avanço do amendoim brasileiro no exterior é o de países que compram o produto. Desde 2010, ele mais que dobrou, saindo de 53 para 115, segundo a Abicab.

Conforme um estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA), cerca de 85% do total exportado foram destinados a 12 países: Rússia, Argélia, Holanda, Reino Unido, Espanha, Polônia, Colômbia, Turquia, Ucrânia, África do Sul, Austrália e Emirados Árabes Unidos.

No ano passado, o conflito entre Rússia e Ucrânia afetou as exportações do Brasil às duas nações, mas essa perda acabou compensada pelo aumento das vendas ao Reino Unido e à África do Sul e pela abertura de novos mercados, como a China, explica o presidente da Abicab, Jaime Recena.

A China é o maior importador mundial e acaba de ser visitada por uma missão empresarial liderada pela Apex, mas não é o foco dos exportadores por comprar praticamente só óleo bruto de amendoim. As exportações brasileiras do produto em 2022 somaram 152 mil toneladas, e 83% desse total foram para a China.

“O maior interesse dos exportadores brasileiros é atender a Comunidade Europeia, que exige mais certificações, mas paga de US$ 150 a US$ 200 a mais por tonelada de amendoim in natura do que Rússia, Ucrânia e China”, comenta Recena.

No ano passado, o Brasil exportou 70 mil toneladas de amendoim aos países-membros da União Europeia. Há 58 empresas aptas a exportar, mas apenas 18 são certificadas para o mercado europeu.

Ante a perspectiva de que a demanda externa seguirá firme, a corrida é pelo aumento da produtividade. Em Jaboticabal, devido ao “casamento” com a cana, pesquisadores buscam variedades de amendoim de ciclo precoce, de 110 a 115 dias, mais produtivas e resistentes a pragas.

Hoje, o ciclo de produção varia de 120 a 150 dias, dependendo da variedade, o que pode atrapalhar o período de plantio da cana.

Segundo o agrônomo Paulo Umberto Henn, da Cras Brasil, de Itaju (SP), líder na exportação de óleo de amendoim, a área de plantio na região de Tupã deve crescer 10% a 15% este ano.

“Isso pelos bons preços do amendoim e porque as usinas estão intensificando o corte da cana nas áreas de reforma. O grão concorre com a soja na renovação da cana, mas quem tem maquinário e equipe para o plantio das duas culturas está optando pelo amendoim, devido à queda do preço da soja”, explica.

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