Sistema FAEB

FAEB destaca uso da tecnologia na agricultura

Em entrevista para o Caderno Especial da Bahia Farm Show, do Jornal Tribuna da Bahia desta segunda-feira, 29, o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia – FAEB, Humberto Miranda, fala sobre a seca na Bahia e seus efeitos; o uso de tecnologias para potencializar os sistemas produtivos; o empreendedorismo do produtor rural baiano; as potencialidades e perspectivas do agro; e as ações do Sistema FAEB no campo. Veja abaixo a entrevista completa:

 

Tribuna da Bahia – Em primeiro lugar qual o panorama da agropecuária na Bahia, ante os efeitos da seca. Qual o montante dos prejuízos e como ficou a produção no Estado.

Humberto Miranda – O estado vem sofrendo com a seca desde 2012, considerada a mais severa dos últimos 100 anos. Vale destacar que essa seca afetou não só o semiárido, mas também locais que tradicionalmente não eram atingidos pela restrição hídrica, como a região cacaueira, o sudoeste, o extremo sul e o oeste.

O Valor Bruto da Produção agropecuária, divulgado pelo Ministério da Agricultura, entre os anos de 2011 e 2016 evidenciam quedas de 11% em 2012, 4% em 2013 e 17,8% no ano passado, quando a produção de grãos no oeste reduziu 31,1% e o PIB agropecuário recuou 20,9%.

TB – Quais as perspectivas para a produção agrícola na Bahia? Quais as medidas que devem ser implementadas, o que fazer para que o estado não fique a mercê das condições climáticas?

HM – As perspectivas são positivas. O estado possui três diferentes biomas e potencial hídrico que possibilita a diversificação na produção agrícola e pecuária do estado. Isso é de grande importância para reestruturação da economia agrícola.

Com relação às adversidades climáticas, o uso de tecnologia é fundamental para proporcionar segurança ao produzir. Mesmo as culturas mais precoces, com ciclos mais curtos, quando se deve aproveitar melhor o período de poucas chuvas é importante que a produção aconteça a partir de sistemas mais eficientes, com o uso racional e sustentável da água, para otimização dos recursos hídricos baianos.

Vale ressaltar, que a Federação da Agricultura junto com SENAR BAHIA, tem feito um grande esforço de mostrar que existem sistemas de produção eficientes, através de programas como o Pro-Senar, levando assistência técnica, inovação tecnológica, formas de gestão da propriedade, capacitação do homem do campo e a mudança comportamental. A junção desses quesitos é capaz de fazer com que, mesmo com as adversidades climáticas, a Bahia siga se transformando num estado produtor de alimento, gerador de emprego e renda no campo. Temos exemplos de produtores que, mesmo com a seca, continuam produzindo, através de tecnologias simples e acessíveis aprendidas nos programas do Sistema FAEB.

TB – Quais as regiões mais promissoras e quais os produtos mais promissores para a agropecuária na Bahia?

HM – Atualmente as regiões que têm obtido grande destaque em relação à produção agropecuária são: o Oeste, o Vale do São Francisco, o Extremo Sul e a Chapada Diamantina. Vale ressaltar outras regiões que também estão apresentando crescimento na produção, a exemplo de Bom Jesus da Lapa com a produção de banana, Litoral Norte com a citricultura e da região de Adustina-Paripiranga com a produção de milho.

Com relação aos produtos, além dos que fazem parte da nossa pauta de exportação (celulose, grãos, algodão, manga, cacau, café, coco, sisal, banana, e outros), temos a cebola cultivada em Irecê, região onde se encontra um dos maiores níveis de tecnologia para a produção desta hortaliça, a pimenta-do-reino no extremo sul e a fruticultura no baixo sul.

TB – A Bahia é um estado multidiverso em clima e regiões produtoras. É um estado atrativo para investimentos? Quais as promessas, quais as fronteiras que devem ser desbravadas (não apenas o Oeste, mas o Extremo Oeste, o chamado Matopiba)?

HM – Diante do que já foi exposto, a Bahia é sim um estado atrativo para investimento na agropecuária. 

Como fronteira, a região do MATOPIBA (junção dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que engloba o extremo oeste da Bahia, já está sendo desbravada. Não é uma promessa, mas sim uma realidade. Nessa região, segundo a CONAB, ainda há mais de 10 milhões de hectares a serem incorporados na área plantada. Vale ressaltar, que em regiões com agricultura já consolidada ainda há espaço para a introdução de novas atividades agropecuárias, a exemplo da banana na região cacaueira e do morango e das uvas na Chapada Diamantina: que começaram a ser cultivados há poucos anos e já foi iniciada a produção de vinhos e espumantes.  

É importante lembrar que a região oeste dispõe do aquífero Urucuia, que tem grande potencial hídrico para o desenvolvimento da agricultura irrigada. Outro aquífero de grande importância é encontrado no nordeste da Bahia, o de Tucano, responsável pelo crescimento da fruticultura na região. Esse aquífero é considerado uma das maiores reservas subterrâneas do Brasil e abastece diversos municípios localizados na região semiárida da Bahia. 

TB – Como avalia a Bahia Farm Show e as perspectivas de negócios?

HM – A Bahia Farm Show é a maior feira de tecnologia agrícola e negócios do Norte e do Nordeste do Brasil e está entre as três maiores do país em volume de negócios.  É importante que os produtores tenham a estas tecnologias que elevam os níveis de produtividade, otimizam os recursos naturais e sustentabilidade ambiental, permitindo ainda mais o desenvolvimento da região.

No caso do Oeste, o desenvolvimento tecnológico foi fundamental para transformar a região num polo da agropecuária nacional, com destaque para a produção de grãos, café e pecuária.

Com previsão de supersafra de grãos, estimada em 7,6 milhões de toneladas pela Conab, as perspectivas de negócios a serem realizadas durante a Feira são positivas, tendo em vista que em 2016, ano de seca, segundo os organizadores a Bahia Farm Show fechou R$ 1,014 bi em volume de negócios.

TB – O que pode ser feito por empresários e governo para dinamizar o setor agropecuário baiano?

HM – O grande desenvolvimento experimentado pela agropecuária baiana nos últimos anos aconteceu muito mais pela visão empreendedora e comercial dos empresários, que estimularam o desenvolvimento da agropecuária no estado. No entanto, a Bahia possui forte deficiência na infraestrutura, seja nas estradas, ferrovias, portos, no sistema de armazenagem, e em questões básicas como reserva hídrica, deixando de usufruir do potencial de grandes bacias hidrográficas que o estado possui, a exemplo das bacias do São Francisco, do Rio Jacuípe, do Rio Praraguaçu, entre outros mananciais importantes.

Além disso, existe um grande déficit de assistência técnica e extensão rural. A Bahia está completamente abandonada em relação ao sistema de assistência técnica governamental. Esse trabalho tem sido feito por empresas privadas, cooperativas, entre outras, que têm cumprido esse papel, tentando atender o produtor, suprir a deficiência deste, que é um dos elos de otimização da produção e produtividade no campo, incremento à adoção de novas tecnologias.

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