É impressionante a mudança do Brasil no cenário agropecuário mundial nas últimas duas décadas. Um relatório produzido duas vezes por ano pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) aponta uma evolução única do país no mundo.
Esses relatórios mostram o mercado mundial de alimentos, o volume de produção, quem produz e quanto se comercializa.
O mais recente é o deste mês. Uma comparação dele com o de há duas décadas mostra um Brasil totalmente diferente.
O país pouco foi mencionado no boletim de 1998. Na maioria das vezes em que os analistas da FAO se referiram ao Brasil foi para mostrar a importância brasileira nas importações de alimentos.
Uma das poucas citações fora desse contexto foi para registrar que o país era o segundo maior produtor mundial de mandioca, atrás da Nigéria.
A mandioca, relatava a FAO, era um dos importantes alimentos no consumo diário dos brasileiros.
Naquele ano, o Brasil acelerava também as importações de milho, que ficaram próximas de 2 milhões de toneladas. As de arroz somaram 1,2 milhão.
Trigo, milho, leite, carne e arroz compunham a principal pauta de compras do país, que estava entre os cinco maiores importadores mundiais de cereais. Apenas as importações de trigo somavam 6,2 milhões de toneladas.
O país continua ainda dependente de trigo e necessita de uma complementação de leite para o abastecimento interno.
Nos demais produtos, porém, organizou as cadeias produtivas, elevou a produtividade e deu um salto na produção, se tornando líder mundial em exportações.
Um dos principais exemplos é o do milho. O país deixou de ser dependente do cereal argentino e passou a ser o segundo maior exportador mundial, com vendas médias anuais de 30 milhões de toneladas.
Os brasileiros ganharam importância nesse setor. O relatório atual da FAO indica que a queda na produção nacional de milho nesta safra está cooperando para a redução do volume mundial do cereal.
Os analistas da FAO destacam também o desempenho das exportações de arroz, que deverão ficar próximas de 1 milhão de toneladas em 2018.
O país melhora também a sua participação no mercado de soja. Líder em exportações há alguns anos, deverá assumir também a ponta na produção mundial nesta safra.
A cadeia de proteínas acompanhou a evolução da de grãos e deu um grande salto em produtividade nas últimas duas décadas.
O Brasil passou a ser o maior exportador de carnes bovina e de frango, e a presença do país no mercado externo deverá crescer ainda mais, apesar dos problemas vividos pelo setor nos últimos dois anos.
A FAO aponta que o comércio mundial de carne bovina sobe para 11 milhões de toneladas neste ano, 4% mais do que em 2017. O de carne de frango aumenta para 13,3 milhões, 2% mais, mas o de carne suína cai (Folha de S.Paulo, 19/7/18).
Fonte: Folha de São Paulo