Houve um tempo em que a Bahia colocou toda a ênfase do seu crescimento econômico na indústria e o investimento nesse setor parecia ser o caminho para o desenvolvimento. Hoje, no entanto, a indústria está reduzindo sua importância na economia baiana e pode-se se dizer que o futuro da Bahia está no agronegócio e isso apesar da seca que periodicamente atinge nosso semiárido. Na verdade, há um movimento dialético, pois, ao mesmo tempo em que é nítido o processo de desindustrialização, é igualmente mensurável o aumento da agro industrialização na economia baiana.
A indústria de transformação, antes o carro chefe da nossa economia, representou em 2004 cerca de 16% do PIB baiano, no entanto, hoje representa pouco mais de 7% do nosso produto. Enquanto isso, o PIB do agronegócio só faz crescer, com movimentos pendulares por causa da seca, mas com tal magnitude que já é maior do que o PIB total de todos os estados dos Nordeste, a exceção de Pernambuco, Ceará e Maranhão.
Infelizmente, não temos estatísticas plenamente confiáveis sobre o setor, já que a Superintendência de Estatísticas e Informações calcula apenas o PIB do setor agropecuário, sem registrar seus desdobramentos na área industrial, de insumos e nos chamados agros serviços. O PIB do agronegócio não registra apenas a produção agrícola e agropecuária, que representa cerca de 11% do PIB baiano, ele registra também a produção de fertilizantes e adubos, muitas vezes localizadas nas cidades, registra a energia elétrica gerada pelos ventos nas eólicas, pelos biocombustíveis e pelas barragens, bem como o etanol gerado pela cana-de-açúcar e esse PIB se desdobra nos setores mais diversos como madeira e mobiliário, celulose, papel, indústria têxtil, calçados, vestuário e dezenas de outros.
E isso sem contar os serviços de comercialização, distribuição e logística dos produtos agropecuários e agroindustriais. O último dado disponível, de 2009, indicava que o agronegócio respondia por cerca de 24% do PIB baiano, mas nos últimos seis anos o crescimento foi de tal ordem, que atualmente estima-se em 28% essa participação, o que representaria alguma coisa em torno de 70 bilhões de reais. E isso com muito mais emprego do que o gerado na indústria de transformação.
Com um rápido olhar pelo território baiano é possível identificar o potencial do agronegócio, gerido com alta tecnologia e produtividade, e ver a produção de grão no Oeste, a celulose no Extremo Sul, fruticultura, vinho, beneficiamento de alimentos, leite aves, fertilizantes, têxteis, chocolates, doces, e dezenas de produtos cuja origem está no campo.
Decididamente, na Bahia o agro é tech, o agro é pop, o agro é tudo, mas, infelizmente, os poderes públicos ainda não se deram conta de que esse potencial precisa de apoio, especialmente no que se refere à infraestrutura.
As dificuldades do setor na Bahia são gigantescas, com problemas de logística de toda ordem, especialmente no que refere às más condições das estradas, com restrições ao crédito, roubo de cargas, invasão de terras, sistema tributário inadequado e deficiência nos processos de comercialização e armazenagem, só para citar alguns. E, como se não bastasse, não existe no governo federal qualquer política focada e continuada de convivência com a seca.
Na Bahia, as perspectivas de crescimento da indústria de transformação tradicional são pequenas no curto prazo e o setor de serviços, embora pujante, sempre caminha à reboque dos setores produtivos. É hora, portanto, do setor público e do setor privado abrirem os olhos para o potencial do agronegócio e reconhecer que na Bahia, o agro é pop, o agro é tech e representa o futuro.