Em comparação com o mesmo período de 2021, houve crescimento de 3,6%. Apesar disso, o setor agropecuário obteve desempenho modesto, com recuo de 0,9% e alta de 3,2% na comparação interanual. No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços subiram 8,1%, com destaque para produtos alimentícios, agropecuária, veículos automotores e serviços, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Contudo, 2022 trouxe mudanças no cenário geopolítico, o que exige um olhar meticuloso para as perspectivas do agronegócio em 2023.

Diante de um novo governo eleito, é natural certa inquietação, já que a nova administração tem uma orientação política bem diferente da sua antecessora.

O agronegócio é um dos principais setores da economia brasileira, isso impõe a qualquer governo o dever de manter o setor aquecido para atender às crescentes demandas nacional e global.

A virada de ano trará mudanças com a troca de governantes. Todavia, um fato que pode garantir estabilidade ao setor, sejam quais forem os procedimentos da nova administração é que o agronegócio é uma atividade econômica pujante e cada vez menos dependente do Estado.

O Brasil é uma potência agroalimentar mundial e o protagonismo do agro no PIB brasileiro não é obra de um governo específico, portanto, sua potencialidade tende se manter forte em qualquer gestão.

Projeções para as empresas de agronegócio – Em contrapartida aos desafios que a economia enfrentou com a pandemia de Covid-19, em 2020, o setor fechou o ano com uma participação de 26,6% na geração de riqueza para o PIB. Em 2021, essa fração subiu para 27,5% e, em 2022, há a projeção de aumento de mais 2,8% para este índice, segundo relatório da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O que impulsionou esse crescimento em meio a períodos tão difíceis foi a demanda de várias nações que ficaram temerosas em relação à sua segurança alimentar e, nessas circunstâncias, estabeleceram vários acordos comerciais com o agro brasileiro. Assim, as exportações aumentaram vertiginosamente e muitos empregos, negócios e renda foram gerados.

Em 2023, a perspectiva é promissora e alguns fatores endossam isso:

  1. Os

    subsídios federais para o agronegócio são historicamente baixos no

    Brasil – Estudos da OCDE (Organização para a Cooperação e

    Desenvolvimento Econômico) mostram que o subsídio Federal destinado ao

    agronegócio brasileiro tem sido baixo há vários governos.
    Ao longo

    dos últimos 10 anos, por exemplo, o gasto com o setor agropecuário foi

    de apenas 0,7% das despesas totais da União. Logo, a receita e o

    crescimento gerado no agro é obra da sua própria atividade e da sua

    relação com o exterior.

  2. As políticas públicas podem ser

    promissoras – Somado ao crescimento que já vem sendo bem administrado

    pela atual gestão Federal, há a perspectiva de um futuro governo que no

    seu primeiro mandato, em 2003, estimulou o cooperativismo e o seguro

    rural. Portanto, além de continuar atendendo as demandas do mercado

    externo, o setor deve seguir forte entre os pequenos produtores e a

    agricultura familiar.

  3. A demanda do mercado interno tem força

    para compensar eventuais perdas – Mesmo que a instabilidade geopolítica e

    econômica global aponte para a continuação de conflitos na Europa e a

    alta da inflação em vários países, o consumo das famílias brasileiras

    deve ser mantido pelas medidas de estímulo à renda.

O agronegócio mais digital – Se por um lado, o setor pode esperar por mais incentivos e investimentos para se manter aquecido, as empresas do segmento precisam se preparar para que a jornada de compra do produtor rural apresente mais oportunidades de negócio.

Há anos, grande parte dos produtores sequer usava smartphones, realidade que mudou de maneira muito rápida: a era da conectividade chegou com força ao campo.

Hoje, mais de 90% dos agricultores têm celular e, desses, mais de 94%, inclusive, utilizam o WhatsApp para se comunicar, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio.

O crescente aumento da presença digital dos produtores rurais torna imprescindível o domínio de técnicas para criar estratégias de comunicação para cada segmento desse público nas plataformas on-line.

Isso requer identificar os principais touchpoints ao longo da jornada de compra do produtor rural. Afinal, a interação on-line impacta diretamente nos resultados financeiros das empresas do setor.

Para alavancar o resultado dos negócios dessa cadeia, a estratégia de comunicação deve ser criada conforme a realidade do setor, ou seja, elaborada a partir da expertise de quem realmente é especialista em agronegócio, não apenas em marketing ou comunicação.

Vale salientar que o produtor rural além de mais conectado, também está mais consciente acerca dos dados pessoais que deixa nas plataformas em que navega on-line.

Por outro lado, a publicidade digital está avançando no desenvolvimento de ferramentas privacy-driven, isto é, que estejam totalmente de acordo com as restrições da LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados para assegurar a proteção dos dados pessoais dos usuários.

Não basta garantir presença digital no agro, é preciso conhecimento, visão estratégica e técnica para interagir de maneira correta com um dos setores mais promissores da economia brasileira.

Logo, as porteiras se abrirão para 2023. As corporações que não se adequarem aos desafios da modernidade líquida, latentes também no agronegócio, correm o risco de perder saborosas fatias desse bolo.

Fonte:

Diário do Comércio – publicado no site Portal do Agronegócio