O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Sistema FAEB, João Martins, afirmou que a logística brasileira precisa de um “novo olhar” e de “novas soluções” para que o produtor rural tenha uma remuneração justa e os produtos do agro sejam competitivos no mercado.
Martins discursou nesta terça (7), em São Paulo, na abertura do Fórum Estadão – Logística e Infraestrutura no Agronegócio, promovido pela CNA e pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
Dividido em dois painéis sobre os desafios para o escoamento da produção agropecuária e das novas fronteiras agrícolas, o evento reúne especialistas do setor e representantes do governo para discutir a situação das rodovias, ferrovias e hidrovias do país e o impacto delas no desempenho da produção brasileira de grãos.
O presidente da CNA afirmou que “dentro da porteira” o produtor rural é “capaz de produzir cada vez mais e melhor, mas levar as mercadorias para os mercados ou para os portos é cada dia mais um pesadelo”.
“Os ganhos de produtividade são perdidos ao longo dos caminhos pelos custos absurdos do transporte. Por milhares de quilômetros de caminhão em estradas precárias, por ferrovias inadequadas e por portos congestionados”.
Ao citar a situação das rodovias, o presidente da CNA disse que pelo menos 60% das cargas transportadas são feitas em estradas, a maior parte, especialmente no Norte, no Centro-Oeste e no Matopiba, limitada e muitas vezes sem pavimentação e mal conservadas. Condições que elevam, em média, em cerca de 25% os custos do frete. “São valores que ultrapassam a margem de lucro do produtor e causam perdas e desperdícios previsíveis”.
João Martins também afirmou que os modais mais indicados para o transporte de commodities são o ferroviário e hidroviário, mas pouco utilizados no Brasil em relação a outros países de dimensões similares. No caso das ferrovias, “o modelo de concessão que adotamos é concentrador de mercado. Apresenta oferta reduzida de serviços e pratica tarifas elevadas”.
“É estranho que os nossos custos de transporte da produção agropecuária cheguem a ser três vezes maiores do que o de nossos concorrentes diretos, como a Argentina e os Estados Unidos. Conhecemos o problema muito bem, convivemos com ele há muito tempo.”
Em seu discurso, Martins disse que a “infraestrutura logística do país, suas estradas, suas ferrovias, seus portos, foi construída antes da explosão do agronegócio e serve apenas à antiga geografia de produção”.
Para o presidente da CNA, a questão agora é saber o que precisa ser feito para que os produtos do agro permaneçam competitivos no mercado internacional e para que o produtor rural seja “justamente remunerado por todos os seus ganhos de produtividade e pelo esforço e o risco de produzir”.
“A logística e o agro são questões sérias demais e precisam de um novo olhar e de novas soluções. Há capital e capacidade empresarial no Brasil e no mundo à nossa disposição. Não vamos deixar que a ideologia, os interesses especiais e a má política ponham mais pedras em nosso caminho”.
Assessoria de Comunicação CNA/SENAR