A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em seu décimo levantamento elevou a estimativa de produção do milho de segunda safra, que está em fase de colheita. A projeção atual é de 65,5 milhões de toneladas do cereal, volume 3,3% (2,1 milhões de toneladas) superior ao estimado em junho.
Em relação à safra passada a expectativa é de aumento de 61% (24,8 milhões de toneladas) na produção do milho de segunda safra. A área cultivada cresceu 12,3% (1,3 milhão de hectares) para 11,8 milhões de hectares.
No comparativo dos dois últimos levantamentos houve pouca variação na área cultivada: apenas 37,3 mil hectares. O aumento nas projeções se deve a expectativa de ganhos na produtividade, como em Mato Grosso, maior produtor nacional, que passou de 5.643 kg/ha em junho para as atuais 5.962 kg/ha. O aumento esperado da produção é de 1,260 milhão de toneladas, para o recorde de 26,560 milhões de toneladas. O volume é 76,2% superior ao colhido na safra passada.
No Paraná, segundo maior produtor, a estimativa de safra aumentou em 318,8 mil toneladas (5%) para 13,659 milhões de toneladas, graças ao esperado ganho de produtividade de 5.560 kg/ha para 5.711 kg/ha. maior crescimento de produtividade é previsto para São Paulo (de 4.399 kg/ha para 5.100 kg/ha), onde a produção do milho de segunda safra estimada atualmente dm 2,319 milhões de toneladas.
Colheita
Em seus comentários, os técnicos da Conab relatam que a colheita do milho segunda safra em Mato Grosso tem avançado com rapidez. “Até o final de junho, estima-se que cerca de 30% dos 4.455 mil hectares semeados estejam colhidos.” Segundo eles, há relatos pontuais de milho com avaria nas regiões médio-norte e oeste de Mato Grosso, em decorrência de chuvas em maio, contudo, nada que comprometa a produtividade da cultura.
Em Mato Grosso do Sul, a produtividade estimada para a cultura é de aproximadamente 5.300 kg/ha em uma área plantada de 1.749,9 mil hectares. Essa alta produtividade decorre das condições climáticas ideais desde o início do plantio da cultura, contrastando com a seca severa ocorrida no ano passado. “Essa produtividade, atrelada ao aumento de área plantada, condicionará uma produção recorde para essa safra de aproximadamente 9.274,5 mil toneladas, valor 51,4% maior que a safra anterior.”
Segundo a Conab, em Goiás as lavouras se encontram na fase de maturação. Na região leste, as chuvas foram escassas principalmente na fase de florescimento e enchimento de grãos enquanto na região sul do estado as chuvas e o armazenamento de água no solo foram suficientes para a recuperação das lavouras em relação ao ano anterior. Na região leste, os produtores que plantaram dentro da janela estão acionando o seguro agrícola, pois foram surpreendidos pela falta de chuvas na fase reprodutiva. Já os produtores que realizaram o plantio pouco após o dia 10 de fevereiro foram beneficiados com chuvas mais volumosas na fase reprodutiva.
No Paraná, a colheita está avançada em algumas regiões. “Em relação ao ano anterior, esse número representa um acréscimo de 8,8%, reflexo da proibição do plantio da soja segunda safra no estado e ao desestímulo, na época, com o plantio do trigo”, dizem os técnicos.
Na região Nordeste, especialmente no Matopiba e onde a janela do clima permite a sucessão do plantio com a soja, houve forte incremento na área plantada. No Maranhão, a área cultivada equivale 198,9 mil hectares, mostrando aumento em relação à safra passada de aproximadamente 131,5%. “Esse acréscimo na produção de milho é motivado pelo aumento das áreas de cultivo, bem como das melhores condições do clima durante as fases iniciais da lavoura”.
No Piauí, a expectativa é de um aumento de 128,8% na área plantada, totalizando 49,2 mil hectares, com um incremento previsto na produtividade de 100%, estimada em 3.511 kg/ha. A previsão é que até o final de julho tenha finalizado a colheita no estado.
Na Bahia, espera-se que sejam cultivados cerca de 265,1 mil hectares, com uma produção estimada de 488,8 mil toneladas. A média de produtividade da região é de 1.844 kg/ha. O plantio das lavouras já foi finalizado, porém os estandes estão bastantes heterogêneos, sendo possível encontrar lavouras recém-germinadas como também em estágios de frutificação.
Em Sergipe, na região do sertão, a semeadura foi concluída e a distribuição de chuvas ocorreu de forma satisfatória para o estabelecimento da cultura, que se encontra em pleno estágio de desenvolvimento vegetativo. De modo geral, as lavouras nessa região aparentam condições boas de desenvolvimento, apesar dos relatos de ataque de algumas lagartas como a do cartucho. O menor investimento em híbridos resistentes a lagartas aumenta a necessidade de utilização de agroquímicos para essa especificidade. Contudo, a inadimplência provocada pela perda dos últimos anos na produção tem dificultado o acesso ao financiamento.
A região Norte apresenta forte incremento na área plantada de 63,4%. A estimativa é que sejam cultivados 402,3 mil hectares. As boas condições climáticas revelam uma produtividade média de 4.249 kg/ha na região, com produção estimada em 1.709,2 mil toneladas. Em Rondônia a cultura deveria ter sua semeadura iniciada em janeiro. A lavoura é plantada no final da colheita e na mesma área da soja. Como as chuvas tiveram um atraso e começaram em meados de outubro, fez com que essas lavouras também iniciassem seu desenvolvimento mais tardiamente. Estima-se que essa lavoura é ocupada em torno de 50 a 55% da área de soja.
Em Tocantins, o milho segunda safra teve o crescimento expressivo de 61,7% na área plantada em relação à safra passada. No momento a colheita avança lentamente em algumas regiões do estado. Estima-se um aumento de 133,7% no volume produzido, caso se confirme a produtividade média esperada no atual momento de 4.427 kg/ha.
No Pará o cultivo do milho segunda safra ocupa área de 83,2 mil hectares. Espera-se o rendimento de 3.398 kg/ha e uma produção de 282,7 mil toneladas. A cultura se encontra em fase de desenvolvimento vegetativo/ reprodutivo e enchimento de grãos/maturação, sob condição regular de chuva.
Em Roraima a produção de milho está confirmada nos 7,6 mil hectares. Isso porque os produtores se animaram com a alta dos preços no ano passado e também, pelo fato de que utilizaram terras de lavrado adubadas, que já possuíam três anos com produção de soja, baixando o custo para investir na cultura do milho. Ressalte-se que o milho, em Roraima, não entra após a soja, em vista do período de chuvas muito curto, devendo o produtor escolher entre a soja e o milho, portanto, os produtores de milho empresarial também plantam soja em áreas distintas e na mesma janela de plantio.
Na Região Sudeste, a área levantada pela pesquisa mostra incremento de 2,4% em relação ao ocorrido na safra passada. Em Minas Gerais, apesar das condições climáticas favoráveis, a produtividade média do milho safrinha sofreu redução em relação ao levantamento anterior, passando de 5.265 kg/ha, para 5.133 kg/ha no atual. Tal perda se deve aos ataques de cigarrinha às lavouras, especialmente na região do Triangulo Mineiro, onde o nível de dano em alguns municípios chegou a 15%, por falta de controle adequado da praga.
Em São Paulo, os produtores optaram pelo plantio do milho segunda safra em detrimento dos plantios de trigo e feijão, particularmente o da terceira safra na região norte/noroeste do estado. As altas produtividades observadas decorrem basicamente das excelentes condições climáticas e da intensificação no cuidado com os tratos culturais, presença da assistência técnica e do acompanhamento das cooperativas locais, que procuram dar o suporte necessário para a obtenção de melhores rendimentos.
A posição consolidada da área de milho, reunindo a primeira e segunda safras no exercício 2016/17, deverá atingir 17.391,3 mil hectares, representando um incremento de 9,2% se comparado com o plantio passado. A persistirem as boas condições climáticas nas principais regiões do país, é razoável admitir uma produção recorde, atingindo 96.026,2 mil toneladas, com um incremento percentual de 44,3% em relação à safra passada, dizem os técnicos da Conab.