Na quinta estimativa de safra divulgada nesta quinta-feira (09/02), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou sua primeira projeção para o milho de segunda safra. A previsão é de aumento de 4,7% na área plantada (para 11 milhões de hectares) e de 44% na produção (para 58,591 milhões de toneladas).
O aumento da produção de milho de segunda-safra se deve à recuperação da produtividade das lavouras, que deve crescer 37,5% para 5.310 quilos por hectare. Na safra passada, o chamado “milho safrinha” foi castigado pelo clima errático, com falta ou excesso de chuvas em períodos importantes de desenvolvimento das lavouras.
Os técnicos da Conab observam que o plantio do milho de segunda safra vem seguindo o ritmo da colheita da soja, especialmente das variedades precoces. Na região Centro-Oeste, principal produtora nacional, o plantio do cereal em Mato Grosso atingiu 10% da área prevista, pouco mais de 4 milhões de hectares devido aos atrasos pontuais por conta das chuvas. Em fevereiro, mês de encerramento da janela ideal de plantio, ocorre o maior volume dos trabalhos de semeadura e término na maior parte das regiões do Estado, dizem os técnicos.
Os técnicos comentam que as melhores condições climáticas, associadas à baixa oferta do cereal, devem permitir o incremento de 7,3% de área de milho segunda safra em Mato Grosso, saindo de 3,769 milhões de hectares para 4,042 milhões de hectares.
A Conab prevê recuperação do rendimento médio das lavouras, que deve atingir 5.679 quilos por hectare, ante os 3.999 kg/ha da safra passada. A previsão é de aumento de 52% na produção, estimada em 23 milhões de toneladas, ante os 15 milhões registradas na safra 2015/2016.
O primeiro levantamento de intenção de plantio no Paraná, principal estado produtor da região Sul, aponta para um incremento de área na ordem de 4,5% na área cultivada, passando de 2.198,3 mil hectares para 2.297,2 mil hectares, ocupando o espaço da soja safrinha, que foi proibida de ser plantada e o feijão segunda safra.
Os técnicos ressaltam que se trata de “um dado ainda em construção e, com certeza, deve ser alterado na próxima avaliação, uma vez que na região noroeste poderá ocorrer uma leve redução de área nesta safra, considerando a forte vocação para o cultivo de mandioca e citros, cujos preços estão em alta no mercado”.
Segundo eles o plantio do milho de segunda safra já começou no Paraná, em sucessão às lavouras de feijão, principalmente, e deve avançar com mais intensidade quando se intensificar a colheita da soja. Cerca de 4,8% da área total já foi semeada e a produtividade média esperada é de 5.816 kg/ha. “Tal rendimento é superior à média das últimas safras, afetadas pela geada ou estiagem, e porque o perfil dos produtores atualmente é de maior tecnologia”, dizem os técnicos.
Segundo a Conab, na região Nordeste, especialmente nos estados que compõem o Matopiba, onde a janela do clima permite a sucessão do plantio, o incremento na área plantada está previsto ocorrer de forma acentuada (mais 19,7%). O Maranhão, terá o maior incremento percentual da área plantada com o cereal (125%). A Conab não divulgou estimativa para a Bahia, principal produtor da região, que começa semear em abril.
Na região Sudeste, o levantamento preliminar da Conab mostra tendência de manutenção da área em relação à safra passada. “Em Minas Gerais, as áreas de plantio das lavouras de segunda safra foram mantidas, considerando que até a presente data não existem informações consistentes que possam subsidiar eventuais alterações”, dizem os técnico.
Eles comentam que relatos dão conta de que poderá haver redução da área em Minas Gerais, migrando para sorgo segunda safra em razão da redução da janela de plantio e também como reflexo do elevado percentual de perda na produtividade do milho safrinha registrado em 2016.
Em São Paulo, o plantio da safra de milho deverá acontecer a partir da segunda quinzena de fevereiro, de acordo como avanço da colheita de soja. “A despeito de não haver alteração significativa no plantio é de se esperar forte incremento na oferta de grãos em razão da expectativa de bons rendimentos da lavoura, em função do comportamento previsto para o clima”, dizem os técnicos.
Em relação ao milho de versão, semeado a partir de setembro do ano passado, os técnicos comentam que a exemplo da soja, os produtores não encontraram problemas de capital para financiamento da produção e utilizaram bom nível tecnológico no sistema de cultivo.
Os técnicos ressaltam que ao contrário do que ocorre com o milho de segunda safra, os produtores de milho verão não fazem contratos futuros, optando pelo autoconsumo ou mesmo a venda para terceiros, ao produzirem silagem ou na comercialização do grão no disponível, por ocasião da colheita no mercado local.
A área estimada neste levantamento previu um incremento nacional de 31,7% em relação ao exercício anterior, incentivado pelo comportamento agressivo dos produtores da região Centro-Sul, que apresentaram aumento previsto de 5,6% na área plantada desta safra.
Na região do Matopiba, estrategicamente situada, de onde se pode optar por deslocar parte dos excedentes produtivos para exportação, como também para atendimento ao Nordeste, à exceção da Bahia, houve perda de área para soja, após as frustações do clima no ano passado. “Por essa razão, a área plantada de milho verão na região do Matopiba, apresentou decréscimo de 52% em relação ao ano anterior”, dizem os técnicos.