As exportações brasileiras de soja continuam resilientes, mantendo-se estáveis em meio a desafios cambiais e geopolíticos, conforme relatório da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA). Apesar da volatilidade do câmbio, impulsionada por fatores como a política de juros nos EUA e os problemas fiscais internos, bem como o recente recrudescimento do conflito no Oriente Médio, com o ataque do Irã a Israel, os preços da oleaginosa pouco se alteraram no mercado brasileiro. A média gaúcha encerrou a semana em R$ 119,50/saco, com as principais praças do Estado registrando valores em torno de R$ 119,00. Nas demais regiões do país, os preços variaram entre R$ 107,00 e R$ 113,00/saco.
Um aspecto positivo foi a melhoria dos prêmios nos portos, que se mantiveram positivos pela primeira vez em oito meses, em grande parte devido ao conflito no Oriente Médio. No entanto, o corte de 15,48 milhões de toneladas na safra brasileira de soja pela Conab, entre outubro de 2023 e abril de 2024, pesou sobre os preços internos. Atualmente, a estimativa para a safra brasileira é de 146,5 milhões de toneladas, 5,2% abaixo da safra anterior.
Diante desse cenário, muitos produtores têm optado por vender suas safras, aproveitando a oportunidade de mercado, especialmente considerando a perspectiva de uma possível queda nos preços internos da soja, caso o dólar se mantenha nos níveis atuais e o Real volte aos patamares de R$ 5,00.
Enquanto isso, as exportações brasileiras de soja permanecem consistentes. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), entre janeiro e meados de abril, o Brasil exportou mais de 28 milhões de toneladas da oleaginosa, o que projeta um volume comercializado de cerca de 72 milhões de toneladas para o ano comercial 2023/24, abaixo da média dos últimos cinco anos, mas ainda assim significativo.
Apesar dos desafios, a colheita brasileira de soja está avançando, com 85,1% da área colhida até o momento, embora ligeiramente abaixo da média histórica para esta época do ano.
Por outro lado, as previsões de safra estão sendo revisadas para cima. A consultoria Safras & Mercado estima uma colheita de 151,2 milhões de toneladas, enquanto a Abiove projeta uma produção final de 153,8 milhões de toneladas para 2024.
Apesar das incertezas, as exportações do complexo soja devem permanecer como um pilar importante da economia brasileira, embora com expectativa de uma receita menor em 2024, devido aos preços internacionais e volumes menores. A Abiove estima uma receita de US$ 59,7 bilhões, US$ 7,6 bilhões a menos do que o registrado no ano anterior.
Fonte: Agrolink