O secretário estadual da Fazenda, Manoel Vitório, disse nesta terça-feira, 21, que convocará uma reunião com os produtores de carne no estado junto com a Saúde e a Vigilância Sanitária, na próxima semana, para avaliar os impactos na Bahia da Operação Carne Fraca, que investiga fraudes na produção de alimentos. Ele também criticou a forma "espetacular" com a qual a Policia Federal divulgou os resultados da operação.

Na Bahia, a cadeia de produção e comercialização de carne bovina movimenta cerca de R$ 3 bilhões por ano, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb).

Somente um frigorífico começou a exportar esse ano, o Frigorífico Sudoeste, e justamente para a China, que suspendeu as exportações. Mas embora os efeitos negativos da Operação Carne Fraca não afetem diretamente exportadores baianos, os efeitos indiretos podem ser grandes caso os embargos sejam mantidos. São cerca de 12 frigoríficos locais que compram carne de pequenos, médios e grandes criadores da Bahia.

Produtores receiam que no caso de serem barradas as exportações dos grandes frigoríficos de outros estados, que foram alvo da Carne Fraca, a tendência é a de que o mercado nacional seja inundado de carne com preços muito mais baixos em praças como a da Bahia. E isso afetaria as vendas dos produtores no estado – avalia um grupo de produtores, entre os quais o deputado Luiz Augusto (PP), também criador de gado na região de Itapetinga e Barreiras.

Para ele, o prejuízo será devastador ou, nas suas palavras, "maior do que o do dinheiro repatriado pela Operação Lava Jato".

Especulações

As entidades do setor agropecuário, porém, estão adotando um discurso menos alarmista. Para João Martins, presidente da Faeb, que se reuniu representantes de outros estados, nesta terça, não existe nenhum dado confiável nesse momento. “Tudo o que for dito agora é especulativo e sem base de dados consistentes”, diz.

Ele acredita que as suspensões de importação pela China, Hong Kong e Chile serão revertidas. “O governo tem tomado decisões firmes e acertadas. Vai haver uma reforma profunda na defesa sanitária para torná-la mais ágil e eficiente”, diz João Martins.

Hong Kong

O secretário Manoel Vitório criticou o modo como a Policia Federal agiu na divulgação da operação: "Não sei quando é que a gente vai acabar com a necessidade de tornar tudo um espetáculo, manchando a imagem do Brasil e dos brasileiros. É importante preservar as empresas, elas que empregam. Punam as pessoas, mas preservem as empresas".

A opinião de Vitório foi compartilhada com deputados estaduais que repercutiram o fato nesta terça na Assembleia Legislativa.

A Bahia entrou no mercado de exportação de carne bovina para a China em janeiro deste ano, quando a Frigorífico Sudoeste, instalada na região de Itapetinga, fechou o primeiro contrato para exportar 250 toneladas para Hong Kong, na China, segundo informações da Secretaria de Agricultura. A duração do contrato é de seis meses, inicialmente, podendo ser renovado. A unidade de Itapetinga abate 250 animais/dia.

A TARDE tentou falar com representantes do frigorífico mas a empresa não retornou às ligações.

Fonte: A Tarde