
Juntos eles são mais fortes. Quando perceberam que poderiam crescer e alcançar outros mercados, pequenos produtores de cacau do Sul da Bahia se uniram para consolidar um mecanismo que pudesse representá-los institucionalmente e mercadologicamente. Nasceu então a Coopercabruca, uma cooperativa formada por produtores que cultivam o cacau no sistema cabruca (lavoura sob floresta). A entidade nasceu timidamente, com apenas 12 produtores atendidos pelo Curso Pro-Senar Cacau, em Itajuípe. Aos poucos a instituição foi se consolidando e hoje já são 36 cooperados na microrregião de Itabuna.
As conquistas não se resumem ao aumento de associados. Foi graças a Coopercabruca que os pequenos produtores ganharam competitividade no mercado interno e conseguiram entrar no mercado externo. Com o apoio do Sistema Faeb/Senar, através do AgroBr, um projeto de internacionalização da produção de pequenos e médios empresários rurais brasileiros, eles realizaram a primeira comercialização da massa de cacau para um dos principais fabricantes de chocolates finos do mundo: a Suíça.
“Uma exportação pequena, mas cheia de simbolismo por se tratar de uma venda de um produto semiacabado para um país reconhecido internacionalmente como produtor de chocolates de primeira. Isso atesta a qualidade do nosso produto”, avalia Orlantildes Pereira, produtor do fruto e um dos idealizadores da Coopercabruca.
Segundo ele, os produtores cooperados atuam na produção de amêndoas de qualidade, mas também focaram nos derivados, cujo valor agregado é maior. Com isso, a produção de nibs, líquor e o chocolate em barra está em alta e é destinada ao mercado da Bahia e do Sul do País.

“O Senar foi decisivo na criação da cooperativa e também na nossa primeira exportação. A Coopercabruca nasceu do aprendizado técnico, da troca de experiência entre os colegas e professores do Pro-Senar, que criou um ambiente perfeito para a criação de ideias inovadoras. O programa nos despertou para algo que precisávamos, e a parceria com o Senar permanece até hoje. Na área de assistência técnica, por exemplo, temos o apoio imprescindível para o aumento da nossa produtividade e da qualidade das nossas amêndoas”, enfatiza.
O presidente do Sistema Faeb/Senar, Humberto Miranda, destacou a importância do associativismo para inserir o pequeno produtor na rota comercial. “Sozinho ele não tem como colocar o seu produto no mercado com preços competitivos, mas a partir do momento em que se une, via cooperativa, ele se fortalece porque passa a ter volume para negociar preços de insumos, reduzindo o valor da produção e, consequentemente, agregando valor ao seu produto. Quando se fala em exportação pensamos logo em grandes produtores. E a única forma de inserir o pequeno nesse contexto é através da cooperativa. Só assim é possível internacionalizar a produção”, pontua.
Vendas On-line
Em quase três anos de implantação, a Coopercabruca deu importantes passos para a consolidação do setor cacaueiro na região. O último foi o fomento à criação de uma ferramenta aberta para a comercialização virtual dos produtos. “Percebemos que não tem incentivo mais forte do que o do bolso. Quem estava produzindo cacau fino nem sempre conseguia vender o seu produto por um preço justo, haja vista que os potenciais compradores estão no sul do país, portanto, distante da região produtora. E se o produtor tem dificuldade de vender o seu produto, ele fica desestimulado para continuar produzindo. Com esta percepção, quatro cooperados resolveram investir em uma plataforma que tivesse o objetivo de permitir que os produtores, cooperados ou não, tivessem um canal de vendas com alcance nacional. Assim nasceu a plataforma www.leilaocacau.com.br. Não é de propriedade da cooperativa, mas está ligada a ela. Hoje a plataforma intermedia negociações de amêndoas, nibs, líquor, chocolates e mudas de cacau”, explica o cacauicultor.
Com o advento da tecnologia, o mercado das amêndoas e dos derivados de cacau aqueceu, elevando o preço dos produtos. Como o foco é na qualidade, a plataforma possibilita que os itens negociados estejam com os preços acima dos praticados no mercado. Segundo avaliação dos cooperados, o perfil das pessoas e empresas que compram na plataforma é o dos que produzem chocolates bean to bar e chocolates de melhor qualidade.
Apesar de muitos ainda manterem a forma tradicional de comercialização, aos poucos a ferramenta vem ganhando espaço na preferência dos produtores. “Mesmo com os avanços, vender cacau em meio virtual ainda assusta. É uma quebra de paradigma, mas acreditamos que é uma tendência irreversível. Queremos contribuir para que a região sul da Bahia seja reconhecida mundo afora como produtora de cacau de qualidade”, enfatizou o coordenador de programas do Senar, Aloísio Júnior.
Fonte: Ascom Sistema Faeb/Senar