Apesar dos avanços no uso de tecnologias produtivas por parte dos produtores rurais, cerca de 50% das áreas de pastagens estão em algum estágio de degradação. Diante do cenário atual e perante as mudanças climáticas, o Brasil tem um grande desafio, que é produzir alimentos para atender a população crescente, sem abrir novas áreas. De acordo com dados da FAO, até 2050 a população deve crescer cerca de 35% e a produção de alimentos terá que duplicar para sustentar essa demanda.
Neste contexto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) traz a possibilidade de aumentar a produção de alimentos em uma mesma área e contribuir na recuperação de pastagens degradadas. “Conceitualmente, a ILPF é uma estratégia de produção onde ocorre o cultivo em uma mesma área de espécies agrícolas, florestais e pecuária, seja em consórcio, sucessão ou rotação, buscando efeitos sinérgicos entre seus componentes, diz Marina Lima, Zootecnista e Técnica de Sementes e Sustentabilidade da SOESP.
Sistemas integrados
Entre os sistemas integrados que podem ser adotados pelos produtores, pode-se destacar quatro modalidades:
- Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou Agropastoril: Este sistema de
produção integra espécies agrícolas e pecuárias, em consórcio, sucessão
ou rotação em um mesmo ano agrícola ou por vários anos. Nessa modalidade
não há a presença do componente arbóreo e é a modalidade mais adotada
pelos produtores rurais, com aproximadamente 83% de adoção,
principalmente pela maior facilidade de cultivo e retorno econômico a
curto prazo.
- Integração Lavoura-Floresta (ILF) ou Silviagrícola: Com este sistema
de produção há a integração de espécies florestais em consórcio com
cultivos agrícolas anuais ou perenes. “Esta é mais adotada por pequenos
produtores e pelo tempo em que o componente arbóreo está em crescimento e
não pode ter a presença do animal. Cerca de 1% dos produtores adotam
essa modalidade”, destacou.
- Integração Pecuária-Floresta (IPF) ou Silvipastoril: Um sistema de
produção que integra pecuária (pastagem e animais) e espécies arbóreas,
em consórcio. “Essa modalidade é adotada por cerca de 7% dos produtores
rurais e mais utilizada em áreas que não possuem aptidão agrícola ou com
topografia que dificulte o uso de maquinários agrícolas”, acrescenta a
especialista.
- A quarta opção é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou
Agrossilvipastoril: Um sistema de produção que integra espécies
agrícolas, florestais e pecuária (pastagem e animais) em rotação,
consórcio ou sucessão. “Essa modalidade é adotada por 9% dos produtores
rurais. O componente agrícola restringe-se ou não à fase de implantação
das árvores”, diz a zootecnista.
Ainda segundo a especialista, é muito importante destacar que a escolha da modalidade mais adequada e das espécies para compor o sistema deve ser feita com base na análise das características da região, condições climáticas, ao mercado local e objetivos do produtor, podendo ser adotada por pequenos, médios e grandes produtores rurais.
Além disso, o tempo de utilização de cada componente na ILPF vai depender do sistema utilizado, como exemplo, a pecuária pode ser utilizada por três meses a cinco anos e retornar com a lavoura que pode ser utilizada por cinco meses ou até cinco anos. Já o componente florestal pode ser utilizado por um período curto ou longo, dependendo da espécie e finalidade.
Com a utilização dos sistemas ILPF, além da intensificação e maior eficiência no uso da terra, diversos benefícios ambientais, econômicos e sociais são gerados. “A ILPF é uma tecnologia que contempla os três pilares da sustentabilidade. O futuro é integrado, dificilmente um produtor que adota a ILPF voltará a utilizar sistemas em monocultivo”, finaliza a especialista.
Fonte: Campo & Negócios