Uma audiência pública realizada hoje pela manhã, na Assembleia Legislativa do Estado, em Salvador, reuniu representantes do setor agropecuário para discutir o decreto que determina o fim do subsídio na conta de energia dos agricultores irrigantes. Assinado pelo ex-presidente Michel Temer, em dezembro do ano passado, o decreto determinou a redução dos descontos para produtores rurais em 20% ao ano, até chegar a zero em um prazo de cinco anos. Antes, o subsídio permitia que os agricultores irrigantes obtivessem desconto de 10% a 30% nas tarifas de energia elétrica. A audiência, proposta pelo deputado estadual Eduardo Salles (PP), foi realizada pela Comissão de Agricultura da ALBA, que é presidida pela deputada Jusmari Oliveira (PSD).
“Os impactos não serão apenas no setor agropecuário, com um peso maior para o produtor rural. Isso será uma avalanche que acabará atingindo, também, o bolso do consumidor final”, explicou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEB), Humberto Miranda. Segundo ele, o decreto vai atingir os custos de produção de quase todas as atividades, já que a Bahia possui uma grande área irrigada. “A Bahia tem a quinta maior área irrigada do Brasil. São mais de 500 mil hectares, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). Por isso, esse decreto vai impactar até na inflação, já que os produtos da cesta básica vão chegar mais caros na feira, no mercado e, consequentemente, aumentarão o valor gasto pelos brasileiros para garantir a alimentação do dia a dia. O produtor rural, infelizmente, terá que repassar esses custos. Para os pequenos produtores, por exemplo, isso vai aumentar em 43% o custo com energia elétrica. É preocupante”.
Humberto Miranda ressaltou ainda que até a geração de emprego vai sofrer com esse decreto. “As áreas irrigadas são as que mais geram empregos diretos. Isso é fato. E em um momento que o Brasil tenta se recuperar do maior número de desempregados de sua história, uma medida dessa desestimula um setor tão importante na geração de empregos no campo. E a situação da Bahia é ainda mais preocupante, já que temos aqui a maior população rural do Brasil”, explicou Humberto.
Os números confirmam a importância do setor agropecuário. Na Bahia, mais uma vez, o agro foi o segmento que apresentou maior crescimento no Produto Interno Bruto (PIB). Segundo dados recém-divulgados, em 2018 a agropecuária cresceu 12,5%, enquanto o setor de Serviços cresceu 0,9% e a indústria apresentou retração de 0,2%.
Fonte: Ascom Sistema FAEB
