O café é uma presença constante na cultura e na economia brasileira. No último ano, o mercado do grão vem conquistando destaque entre as cadeias produtivas da Bahia, beneficiando diretamente o produtor baiano. Para os cafeicultores do estado, o cenário foi bastante positivo com relação ao preço pago pela saca do Café Arábica, que registrou uma valorização de mais de 50%.

Uma análise do Relatório Mensal de Preços Pagos aos Produtores Rurais, produzido pelo Sistema Faeb/Senar, aponta para alguns fatores que estão por trás dessa alta significativa.

Os números da alta: valorização em detalhes

Segundo o relatório, o Café Arábica acumulou uma valorização anual de 50,28%, representando um ganho real para o produtor. Para dimensionar o impacto, basta comparar os valores: em setembro de 2024, o preço médio da saca de 60kg era de R$ 1.541,79. Um ano depois, em setembro de 2025, o mesmo produto foi negociado a R$ 2.316,95. Além do resultado anual favorável até aqui, a tendência de alta se mostrou forte no curto prazo, com uma variação mensal de 27,23% apenas entre os meses de agosto e setembro. Mas o que justifica uma valorização tão considerável? O documento aponta para diferentes fatores.

A alta no preço do Café Arábica foi resultado de uma combinação de eventos nos cenários nacional e internacional, como aponta a análise da Faeb. Entre os fatores que resultaram a valorização para o produtor, estão:

  • Oferta limitada: safra menor e estoques baixos. A principal razão para a valorização foi uma safra colhida abaixo das expectativas iniciais. Com menos café disponível no mercado, a consequência direta e inevitável foi a redução dos estoques globais do produto. Essa menor disponibilidade acirrou a competição entre os compradores, impulsionando as cotações para cima.
  • Fator climático: a assessoria econômica do Sistema indica que o mercado apreensivo sobre o início das chuvas no Brasil com evolução para a abertura das floradas. Assim, os compradores se apressaram para garantir o produto disponível, intensificando a disputa e pressionando ainda mais as cotações.
  • Pressão externa: a política comercial de países estrangeiros também influencia nos preços praticados pelos produtores, contribuindo para a sustentação dos preços elevados.

Cenário positivo para o cafeicultor baiano

A valorização de 50% do Café Arábica baiano, formada pela combinação de safra menor, estoques globais reduzidos, instabilidade climática e fatores de pressão externa, impulsionou a valorização histórica do Café Arábica na Bahia. Apesar da volatilidade num cenário complexo, o resultado final traduziu a instabilidade do mercado global em um ganho real para o cafeicultor baiano.

Preço pago ao produtor não significa cafezinho mais caro

A valorização registrada no campo reflete um momento pontual de menor oferta e forte demanda pelo grão, o que elevou as cotações na origem. No entanto, esse movimento ocorre na etapa primária da cadeia e não representa, necessariamente, um aumento direto no preço do café para o consumidor final.

O valor que chega ao varejo é formado por diversos outros fatores: custos de torrefação, transporte, embalagens, impostos, além das margens de comercialização de indústrias e redes de distribuição. Ou seja, mesmo com o café mais valorizado para o produtor, isso não se traduz automaticamente em preços mais altos nas prateleiras.