Depois de nove dias, a greve dos caminhoneiros segue trazendo dificuldades para o estado. Com prejuízos estimados em quase R$ 6 milhões, a indústria do leite anunciou, nesta terça-feira, o cancelamento das comemorações pelo Dia Mundial do Leite, que aconteceria nesta sexta-feira (1º), no Jardim dos Namorados, na Pituba.
Há seis anos, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Leite do Estado (Sindileite) promove um café da manhã gratuito, à base de produtos de leite e que é oferecido a todos que passam pela região. “O Dia Mundial do Leite é um momento de comemoração e, infelizmente, por esse momento, a gente não tem o que comemorar. Pelo contrário: temos um prejuízo a quantificar, porque (os caminhoneiros parados) estão trazendo problemas sérios para a cadeia produtiva. A gente não consegue chegar ao mercado consumidor”, explicou o vice-presidente da entidade, Paulo Cintra.
De acordo com ele, a avaliação da categoria é de que 500 mil litros de leite estejam sendo deixados de coletar diariamente, desde o início da greve. Para cada dia sem coleta, ou prejuízo é de pelo menos R$ 600 mil – ou seja, ao final de nove dias de paralisação, o rombo chega a R$ 5,4 milhões.
Hoje, a cadeia produtiva do leite emprega cerca de 80 mil empregos diretos na Bahia – principalmente no interior do estado. Como a maioria das empresas são de pequeno e médio porte, muitos desses empregos estão em risco, com os prejuízos inesperados e atingindo essa proporção.
“Quando não tem o giro do dia, a gente não consegue pagar, porque de cada parte da venda, tem um pagamento. É um risco não só do desemprego, mas do pagamento. Infelizmente, as pessoas que estão fazendo a greve não sabem mais o que querem. É um movimento que tem pé, ou seja, que tem base, mas não tem cabeça”, alerta.
Frangos morrem de fome
Outros setores também estão vivendo momentos de desespero. É o caso da avicultura: só no fim de semana, 60 mil frangos morreram de fome – 50 mil em Governador Mangabeira e 10 mil em Alagoinhas. Morreram definhando, de forma cruel.
Mas esses números podem ficar piores a partir desta terça-feira (29), quando está previsto para que as rações ainda disponíveis acabem em todo o estado. Sem ração, no mínimo 1% do plantel pode morrer a cada dia – ou seja, 173 mil frangos mortos de fome diariamente. E, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), esse massacre pode passar a 500 mil mortes por dia.
Fonte: Jornal CORREIO