A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou em 7,2% (372,5 mil toneladas) sua estimativa da produção brasileira de trigo para 5,578 milhões de toneladas. No levantamento divulgado no mês passado a projeção era de produção de 5,205 milhões de toneladas.
Agora, a perspectiva da Conab é de queda de 17,1% (1,148 milhões de toneladas) na produção de trigo, em relação à safra recorde de 6,726 milhões de toneladas colhidas no ano passado.
O aumento da projeção da Conab se deve a expectativa de melhora na produtividade das lavouras, que de um mês para o outro cresceu 363 kg/ha no Rio Grande do Sul (para 2.700 kg/ha) e de 221 kg/ha no Paraná (para 2.991 kg/ha).
A Conab no levantamento deste mês reduziu em 0,3% (5,4 mil hectares) sua estimativa de área plantada de trigo para 1,925 milhão de hectares. Comparado ao ano passado houve retração de 9,1% (192,7 mil hectares) no plantio. Mesmo com a melhora de 7,5% na produtividade nacional em relação ao mês passado (para 2.897 kg/ha), a Conab prevê queda de 8,7% ante os 3.175 kg/ha registrados na safra passada.
Plantio
O relatos de campo da Conab dão conta que o plantio do trigo no Paraná ultrapassou 90% da área de 977,8 mil hectares prevista para o cultivo, 10% menor quando comparada à safra anterior. “Essa redução ocorreu devido aos baixos preços vigentes do cereal”, explicam os técnicos.
Segundo a Conab, o início da safra foi mais chuvoso que o habitual e as áreas semeadas mais cedo, que atualmente estão em floração, foram as que mais sofreram com incidência de doenças, devido à dificuldade para realização dos tratamento fitossanitário preventivo. Existem relatos de Mancha Foliar, Gibberella, Brusone e Oídio, as quais foram controladas com uso de fungicidas.
Os técnicos da Conab comentam que no Rio Grande do Sul a semeadura alcançou aproximadamente 60% da área total e tem evoluído rapidamente, com algumas regiões já apresentando 80% da área semeada. A tendência é de redução de cerca de 10% na área cultivada.
Eles explicam que em algumas regiões a expectativa era que a redução pudesse ser ainda maior, muito em razão das dificuldades climáticas no início da época de semeadura. “Posteriormente, com a melhora dessas condições e a adequada evolução da semeadura, alguns produtores que inicialmente não cultivariam o cereal ou o fariam em área menor, sentiram-se mais motivados, evitando uma redução maior.”
Os técnicos calculam que em algumas regiões do Rio Grande do Sul a redução do plantio do trigo pode chegar a 30%, principalmente naquelas em que há prevalência de grandes produtores. Eles observam que em regiões com presença maior de pequenos e médios produtores a tendência é de menor redução ou mesmo a manutenção da área, já que esses produtores têm a necessidade de manter alguma fonte de renda no inverno e, mesmo que a produtividade seja baixa e apenas cubra o custo de produção, haverá benefícios à cultura seguinte, nesse caso a soja. Os produtores familiares também têm a possibilidade de acesso ao bônus da política de preços mínimos do governo federal, caso haja redução do preço no momento da colheita.
Oferta
Com base nas importações de trigo realizadas até junho, a Conab mantém a estimativa de desembarque de um volume da ordem de 6,92 milhões de toneladas, o que implica no suprimento nacional de 14,46 milhões de toneladas na safra 2016/17. “Assim, estima-se uma moagem industrial de 11 milhões de toneladas e um estoque de passagem para a safra 2017/18 na ordem de 2,44 milhões de toneladas.”
Para a safra 2017/18, com expectativa de produção de 5,58 milhões de toneladas e estoques iniciais estimados em 2,44 milhões de toneladas, a Conab calcula que será necessário importar 7 milhões de toneladas para fazer frente ao consumo nacional. ”Projetando um cenário de recuperação econômica, espera-se uma moagem industrial na ordem de 11,4 milhões de toneladas ao longo da safra 2017/18.”