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EMBRAPA realiza em Itaberaba testes com uma variedade do abacaxi resistente a Fusariose

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA realizou no município de Itaberaba os testes de uma nova variedade de abacaxi que apresenta alto índice de resistência à principal ameaça da cultura: a doença fusariose, causada pelo fungo Fusarium guttiforme. Conforme o pesquisador Davi Junghans, técnico titular da Embrapa Mandioca e Fruticultura, de Cruz das Almas, “o uso de variedades resistentes de abacaxi constitui a medida de controle mais eficiente contra a fusariose, além de ser ambientalmente correta, pois tem a vantagem de eliminar o uso de fungicidas para controle do Fusarium”.

Reunidos na área da Cooperativa Agroindustrial de Itaberaba – COOPAITA, o presidente Aderval Queiroz da Silva, técnicos da Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente, Indústria e Comércio (SEAMA), da Bahiater, demais produtores de abacaxi e o pesquisador da Embrapa, definiram a data de realização de um evento técnico (Dia de Campo) voltado aos produtores de abacaxi, a ser realizado no dia 1º de dezembro vindouro.

No dia de Campo em dezembro, serão apresentadas as características desta nova variedade do abacaxi, ainda sem nome definido, cuja produção de mudas utiliza a técnica do seccionamento do talo para a obtenção dos novos brotos do abacaxi.

Davi destaca que esse projeto de pesquisa é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), sendo utilizado a infraestrutura adaptada na Coopaita, sob coordenação da Embrapa Mandioca e Fruticultura, tendo como parceiros a própria Coopaita, além da Bahiater e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Produção de mudas de abacaxi

Apresentado previamente aos presentes, o método para a multiplicação das mudas do abacaxi, o técnico da Embrapa revelou que a técnica consiste no seccionamento ou corte do caule (“talo”) da variedade que melhor se adaptou ao clima semiárido da Bahia, principal resultado deste projeto de pesquisa. Davi destacou que a COOPAITA é uma importante parceira com seus produtores cooperados, para a disseminação das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura em prol da abacaxicultura brasileira e, em particular, baiana.

Na área da agroindústria da COOPAITA, que já produz frutas desidratadas e a barra de cereais Naturita, foi adaptada uma infraestrutura dotada de um canteiro e um telado de sombra, ambos irrigados, com recursos da FAPESB, do Governo do Estado, destinado a produção de mudas de abacaxi em larga escala. Inicialmente está sendo multiplicado esta nova variedade de abacaxi, para distribuição a produtores selecionados. A mesma infraestrutura deverá ser utilizada no futuro, à medida que novas variedades forem desenvolvidas e adaptadas ao clima de Itaberaba e região.

Quatro produtores de abacaxi já realizam o plantio experimental de mudas desta variedade selecionada pelo projeto de pesquisa. Os agricultores familiares Vladimir Bastos e Aderval Queiroz plantaram em março/2018, na condição de sequeiro, aproximadamente 300-400 mudas cada um, em suas propriedades. Estando o primeiro na região do Couro Seco e o segundo na região do Alto Vermelho. Já o técnico da BAHIATER, Alberto Alves, cuida de 300 mudas plantadas em setembro/2018 na condição irrigada, na margem do Rio Paraguaçu, em Boa Vista do Tupim. E o cooperativista e produtor Valdomiro Vicente Victor cultiva as mudas desde 2015, já que em sua propriedade foi executado o projeto de pesquisa da Embrapa, onde foram obtidos os talos de plantas-mães selecionados pela sua adaptação ao clima semiárido.

Doce e resistente

Os estudos da EMBRAPA demonstraram que esta variedade de abacaxi, também dotada de espinhos, oferece vantagens em relação à cultivar Pérola, tradicional na região de Itaberaba, como a de eliminar o uso de fungicidas para controle da fusariose, além de ter um sabor doce, apesar de uma acidez um pouco superior. Possui o miolo ou eixo central mais estreito e com mais fibras na polpa, o que pode significar um tempo de armazenagem superior à cultivada Pérola, que atualmente detém 87% de participação no mercado brasileiro.

Praga da Fusariose

Estudos da Embrapa consideram que cerca de 30 a 40% da produção de abacaxi é perdida por causa da Fusariose, também conhecida como resinose ou gomose. Causada pelo fungo Fusarium guttiforme, torna o fruto impróprio para o consumo e, se não for controlada, pode ocasionar perda total da plantação. A fusariose tem nas mudas contaminadas uma das principais vias de contágio.

O custo com pulverizações para controle do fungo é de, aproximadamente, R$ 1.800 por hectare, o equivalente a 10,8% do custo de produção. Estas pulverizações são feitas de quatro a seis vezes por ciclo, com início algumas semanas após o tratamento de indução floral (TIF), se estendendo até o fechamento das flores nas inflorescências.

O histórico da cultura do abacaxi na Bahia revela que o município de Coração de Maria (na região de Feira de Santana) era o maior produtor de abacaxi da Bahia até meados da década de 1980. Ali, o fungo da fusariose dizimou a produção, que gradualmente teve seu deslocamento para a região de Itaberaba, no início da mesma década. Apesar do clima mais seco e quente, que desfavorece o desenvolvimento da doença, os plantios de abacaxi em Itaberaba não estão livres da fusariose, o que ainda exige a aplicação de fungicidas para o seu controle.

Fonte: O Paraguaçu

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