
Nos dias 17 e 18 de março, produtores rurais, empresários e especialistas se reuniram no município de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, para discutir os desafios e buscar soluções para a precariedade das estradas vicinais – vias geralmente não pavimentadas, que ligam povoados, comunidades e propriedades rurais, fundamentais para o escoamento da produção agropecuária. O encontro fez parte da segunda etapa de um estudo técnico coordenado pela Esalq-Log/USP e encomendado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que está analisando a situação da malha viária rural em diversas regiões do país.
De acordo com Éverton Costa, pesquisador da Esalq-Log, o estudo está em andamento a mais de um ano, quando identificou as regiões prioritárias para investimentos em infraestrutura, considerando fatores econômicos, sociais e ambientais. “Nosso grupo buscou mapear as áreas mais vulneráveis em relação às estradas vicinais, avaliando não apenas o impacto na produção agropecuária, mas também como a precariedade dessas vias afeta o direito de ir e vir das populações rurais, o acesso à saúde e à educação”, explicou Costa.
Bahia entre as regiões críticas para o escoamento da produção rural
O estudo encomendado pela CNA analisou 558 microrregiões do Brasil, e identificou oito microrregiões estratégicas, entre elas a do extremo sul da Bahia, onde farão visitas de campo com o objetivo de analisar de perto e ouvir os produtores, empresários e agentes dos órgãos públicos, quais são os principais desafios no uso e manutenção das estradas.
Microrregiões mapeadas para fase do estudo da CNA:
Dourados (MS);
Eunápolis (BA);
Guarapuava (PR);
Imperatriz (MA);
Meia Ponte (GO);
Paragominas (PA);
Sinope (MT);
Uberlândia (MG).
Segundo Costa, a escolha do extremo sul da Bahia se deu devido à sua importância para a produção agropecuária, incluindo pecuária de leite e corte, fruticultura e lavouras temporárias. Além disso, as condições climáticas e do solo tornam as estradas vicinais da região ainda mais vulneráveis, dificultando o transporte da produção para os mercados consumidores.
“A nossa metodologia levou em conta fatores como o volume de chuvas, a capacidade do solo de absorver a água e a proporção de estradas consideradas ruins ou péssimas. O resultado foi um índice de priorização, que destacou essa região como uma das mais críticas para o escoamento da produção rural”, destacou o pesquisador.

Estudo será divulgado em maio e pode embasar políticas públicas
A previsão é que o estudo da CNA seja divulgado a partir de maio deste ano, com um diagnóstico detalhado das condições das estradas vicinais no Brasil e projeções de custo para melhorias. “Esperamos que esse levantamento sirva como base para a formulação de políticas públicas e parcerias entre setor privado e governos, viabilizando investimentos que tornem a logística rural mais eficiente”, concluiu Costa.
A expectativa dos produtores é que o levantamento ajude a destravar investimentos em infraestrutura rural, garantindo mais competitividade ao setor agropecuário e melhor qualidade de vida para as populações que dependem dessas vias.
Ascom Faeb/Senar