
O agronegócio esteve no centro do debate durante o painel “Bahia Competitiva: segurança jurídica e infraestrutura como pilares para transformar o agronegócio e a mineração em motores da nova indústria de base baiana”, realizado no Summit de Negócios. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) foi representada pelo diretor Guilherme Moura, que dividiu a mesa com Roberto Zitelmann, diretor-presidente da Intermarítima; Marcos Lessa, presidente da Salvador PAR; Washington Pimentel, presidente do Instituto WP; e Kiran Morzaria, CEO da Cadence Minerals Plc.
Em sua participação, Guilherme apresentou a visão do setor sobre os principais desafios que impactam a competitividade da agropecuária baiana. Ele destacou que a Bahia possui um agronegócio tecnificado, eficiente, sustentável e com grande potencial de expansão, especialmente pelo volume de produção e capacidade de inovação demonstrados nos últimos anos. No entanto, ressaltou que a competitividade do setor é comprometida por dificuldades estruturais que se manifestam fora da porteira.
O diretor chamou atenção, em especial, para a infraestrutura insuficiente. Segundo ele, rodovias em más condições, a carência de ferrovias e a baixa eficiência portuária aumentam os custos logísticos em até 31%, além de dificultarem o escoamento da produção para outros estados e para o mercado internacional. Ele reforçou a necessidade de recuperar e manter as estradas vicinais, fundamentais para a circulação de insumos, bens e pessoas nas regiões produtoras.
Outro ponto abordado foi o déficit de armazenagem, que limita o planejamento estratégico da produção e causa perdas de valor ao produtor. Guilherme também mencionou os problemas relacionados ao fornecimento de energia elétrica, que afetam o funcionamento de propriedades rurais e inviabilizam a instalação de novas agroindústrias no interior, e à baixa cobertura de conectividade digital, que restringe o avanço de tecnologias de precisão e de sistemas de gestão agrícola.
No campo regulatório, Moura chamou atenção para a insegurança vinculada aos processos de licenciamento ambiental, marcados por burocracia e alterações constantes nas normas, e para as disputas fundiárias que envolvem invasões de propriedades e conflitos de titulação. Ele destacou ainda o avanço da criminalidade no interior como um dos principais entraves atuais ao desenvolvimento, interferindo no ambiente de negócios e causando prejuízos diretos às propriedades rurais, empresas de transporte e cooperativas.
“O agronegócio baiano é altamente produtivo e competitivo dentro da porteira, mas perde desempenho quando enfrenta gargalos estruturais e jurídicos que encarecem o processo e inibem investimentos. Superar isso é fundamental para atrair capital, gerar empregos, interiorizar o desenvolvimento e reduzir desigualdades”, afirmou. Ele alertou que a segurança pública se tornou um desafio urgente, ressaltando que seu enfrentamento é decisivo para a sustentabilidade econômica do estado.
Ao concluir, Guilherme reforçou que o agronegócio e a mineração têm papel estratégico na formação de uma nova indústria de base na Bahia, capazes de impulsionar cadeias produtivas, ampliar a qualificação profissional e promover desenvolvimento regional sustentável. “A sustentabilidade brasileira se apoia na agropecuária de baixa emissão e na matriz energética limpa. Isso coloca a Bahia em posição de destaque. O nosso desafio agora é transformar essa vantagem em mais desenvolvimento, mais investimentos e mais oportunidades”, pontuou.


