A Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e a Comissão da Agricultura da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) realizou, nesta terça-feira (18), uma sessão especial para discutir a grave crise que afeta a cadeia produtiva do leite, considerada a pior dos últimos 30 anos. O encontro reuniu agricultores, pecuaristas, lideranças do setor, representantes de entidades rurais e representantes das indústrias, que apresentaram um panorama preocupante marcado pelo aumento dos custos de produção e pela queda acentuada dos preços pagos ao produtor.
Durante a sessão, o assessor da Faeb, Adauto Liberato, destacou que a situação se agravou principalmente nos últimos anos diante do aumento das importações de leite e derivados, que chegaram a volumes recordes em 2023, 2024 e a perspectiva se repete para 2025. Esses produtos importados que chegam ao mercado brasileiro com preços abaixo dos praticados internacionalmente, o que compromete a sustentabilidade da atividade no Brasil, especialmente no Nordeste.
Apesar do cenário adverso, foi ressaltado que a produção de leite no Nordeste cresceu 12% acima da média nacional, demonstrando a capacidade produtiva e o potencial da região. No entanto, esse crescimento não se reflete em remuneração justa ao produtor. “O Brasil é o quarto maior produtor de leite do mundo, o que reforça a defesa de que não há necessidade de ampliar as importações. Precisamos é de políticas públicas estruturantes que deem sustentação à essa cadeia produtiva presente em todos os territórios do estado e responsável por gerar emprego, renda e fixar o homem do campo no campo”, ressaltou.
Diante da gravidade da crise, produtores e lideranças presentes solicitaram o apoio dos governos estadual e federal para a adoção de medidas que devolvam viabilidade econômica à atividade e garantam sua continuidade produtiva e sustentável.
De acordo com o deputado estadual Eduardo Salles, proponente da sessão, serão adotadas diversas ações, desde atividades de resolução mais imediata relacionadas às questões das importações, além de medidas de cunho estruturante para fortalecer a atividade por todo território estadual.
Desse primeiro encontro, serão encaminhados ofícios ao Governo do Estado da Bahia, Governo Federal, CNA, FIEB e CNI, solicitando a adoção de ações emergenciais para conter a crise no setor.
A Comissão reforçou que continuará acompanhando o tema e promovendo debates que fortaleçam a cadeia produtiva do leite, essencial para a economia e para a segurança alimentar da Bahia e do país.