Evento realizado na sede da Faeb reuniu lideranças do agro e destacou o papel dos médicos veterinários na conquista do status de zona livre de febre aftosa sem vacinação na Bahia.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV/BA) promoveu, na manhã desta terça-feira (30), um encontro na sede da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), em Salvador, para celebrar o reconhecimento internacional da Bahia como zona livre de febre aftosa sem vacinação. O evento reuniu lideranças do setor, produtores, técnicos e autoridades ligadas à defesa sanitária.

O reconhecimento internacional significa que o rebanho baiano alcançou um nível de sanidade que dispensa a vacinação contra a doença, garantindo maior competitividade e ampliando mercados para a carne produzida no estado. Para o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, a conquista é resultado de planejamento de longo prazo. “O que planejamos deu certo. A Bahia livre de aftosa sem vacinação é um marco que pertence a todos nós”, afirmou.

Papel dos veterinários e da defesa sanitária

O presidente da Faeb, Humberto Miranda, destacou o papel dos médicos veterinários na consolidação da defesa sanitária no estado. “Eles foram decisivos, atuaram como educadores e ajudaram a criar uma nova consciência no produtor sobre a importância da prevenção”, disse. Já a presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Ana Elisa Almeida, reforçou a importância do trabalho técnico. “Sem o médico veterinário, sem a ciência e sem a técnica, conquistas como esta jamais seriam possíveis”, afirmou.

Para as lideranças presentes, a certificação da Bahia como zona livre de febre aftosa sem vacinação é resultado de esforço conjunto. “Essa conquista não é de governo, nem só da CNA ou da Faeb. É fruto de todos nós que quisemos colocar a Bahia em um patamar de livre de aftosa sem vacinação”, concluiu João Martins.

Desafios à frente

Apesar do avanço sanitário, o presidente da CNA alertou para os gargalos da cadeia produtiva. “Se não buscarmos rapidamente ampliar a estrutura de frigoríficos, vamos deixar de ser um estado que faz acabamento de boi para virar apenas exportador de garrote para outros lugares. Esse é o nosso grande problema”, disse. Segundo ele, o desafio agora é transformar o status sanitário em desenvolvimento econômico local.

Para o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), Lúcio Leopoldo, uma fase importante foi alcançada com o reconhecimento, mas, agora, a vigilância precisa ser contínua. “Vencemos uma etapa importante, mas agora o papel da vigilância se torna fundamental. É preciso garantir recursos, políticas adequadas e capacitação para manter o rebanho protegido e avançar no combate a outras enfermidades, como brucelose, tuberculose e raiva”, afirmou.

Reconhecimento internacional

A Bahia e o Brasil receberam, no mês de maio, em Paris, na França, o status sanitário de país livre da aftosa sem vacinação. O certificado, conferido pela Organização Mundial da Saúde Animal, durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da OMSA, representa um avanço sanitário e econômico para o Brasil, que vai poder ampliar a comercialização de carne em mercados mais exigentes.

Mesmo sem a obrigatoriedade da vacina, permanecem as ações de vigilância e controle sanitário do rebanho. Os produtores continuam com a responsabilidade de notificar o Serviço Veterinário Oficial (SVO) em caso de suspeita de doenças.